Dia do Pastor

06/05/2011 15:32

Dia do Pastor

No dia do pastor, homenageamos o pastor titular da igreja. Isso é correto, mas há outros que devem ser lembrados e podemos destacar alguns:

1) Pastores que são obrigados a fazer Tendas

Milhares de pastores recebem o sustento de suas igrejas ou da estrutura denominacional, no caso dos missionários. Isso inclui salário, treinamento e intercessão. Há ainda os que se dizem bivocacionados e fazem tendas por opção. Entretanto, temos centenas de outros pastores que plantam ou revitalizam igrejas enquanto trabalham oito ou dez horas por dia em atividades chamadas temporais, quando gostariam de estar inteiramente envolvidos com o ministério. Fazem tendas para sustentar suas famílias, mas o coração está voltado para a vocação principal: ser pastor-pastor. Se recebem um convite para ser missionário sustentado por uma de nossas juntas ou para pastorear uma igreja local, eles nem pensam duas vezes. Eles são motoristas, pedreiros, vendedores, etc; mas dentro deles, pulsa um coração de pastor. Eles demoram mais tempo do que gostariam para plantar ou revitalizar uma igreja. Dificilmente participam de eventos de capacitação deixando de aprimorar os conhecimentos, e isso acaba fazendo o ministério muitas vezes mais penoso. Não é possível providenciar o digno sustento para todos, mas é possível reconhecer o esforço deles. Eles são valentes por não abandonarem a vocação, mesmo não sendo assalariados para o exercício dela, mesmo não cumprindo neles a palavra que diz: "digno é o obreiro de seu sustento". Silenciosamente, eles fazem nossa Denominação crescer.
2) Pastores sem ministério

No cadastro da OPBB há 300 pastores abertos a um novo ministério. E esse é apenas um percentual dos pastores que gostariam de iniciar um novo ministério. Incomoda o fato de nossa estrutura não conseguir criar espaços para todos os que desejam trabalhar. O Senhor Jesus contou a parábola do fazendeiro que saiu a contratar trabalhadores para a sua seara. O fazendeiro saiu de madrugada, bem cedo, simbolizando talvez a era apostólica. Mas ele saiu também em outros momentos do dia, significando que continuava a chamar mais obreiros para a colheita. Esse é o trabalho dEle. O Senhor demonstrou preocupação com os que estavam sem o que fazer. Aquele que mandou recolher os pedaços de pães que sobraram na multiplicação fica incomodado com toda forma de desperdício, especialmente de recursos humanos que Ele mesmo desenvolveu. Devemos temer a Deus também na administração dos recursos. Ele não convoca homens “sem missão” na praça da cidade para serem homens “sem missão” na vinha. O Senhor deseja que todos se sintam úteis. Não basta ir para a vinha, é necessário que os líderes da escala consigam “encaixar” na rotina do trabalho e providenciar as ferramentas para cada um que o Senhor convoca. O nosso trabalho é ajudar a criar novos postos de trabalho para aqueles que o Senhor está chamando. O Senhor espera que ao mandar trabalhadores para a vinha, eles não ficarão ociosos. Não é difícil imaginar que na vinha havia alguns gerentes de áreas. Chegava um grupo de trabalhadores e dizia: “Esteve lá na praça um Senhor, e ele nos disse para vir trabalhar aqui na sua vinha e que, no final, ele nos daria o pagamento”. Aqueles gerentes, até por temor, cuidavam de dar as ferramentas necessárias, algum treinamento e orientação quanto às tarefas. Igualmente, devemos ficar preocupados com a situação de centenas de pastores vivendo com algum tipo de vazio ministerial. Nosso temor a Deus deve nos fazer convocar rapidamente reuniões para solucionar o NOSSO grave problema: o de termos deixado acumular na entrada da vinha trabalhadores que o Senhor mandou. Temos que abrir novos campos (missões?), temos que distribuir melhor nossas tarefas (colegiado? organização?), temos que produzir mais ferramentas (capacitação?). A Denominação não pode entender que sua responsabilidade é apenas com os missionários que estão no quadro das juntas missionárias, nem as igrejas acharem que sua responsabilidade encerra com o sustento de seu pastor titular. Todos os que foram vocacionados são nossa responsabilidade, especialmente se os formamos em nossos seminários e os consagramos em nossos concílios.

3) Pastores em regiões marginalizadas

No Amazonas, e casos semelhantes acontecem em todo o Brasil, alguns pastores viajaram vários dias de barco, única forma de locomoção, para chegarem ao local do treinamento. Val é a filha de um desses pastores ribeirinhos. Ela é cheia de sonhos. "Vossos filhos terão sonhos...". Ela deseja crescer na vida como qualquer um dos 5.500 filhos de pastores que temos cadastrados na OPBB, mas a região geográfica para onde o Senhor escalou o pai dela não facilita muito as coisas. Impressionante como é fácil perceber que ela recebe uma atenção de algum modo diferenciada diretamente de Deus! Parece que o Pai quer mesmo dar maior honra ao membro menos privilegiado. Esses pastores, na maioria das vezes, não têm Internet, livros e raramente participam de congressos. Eles não vão às nossas assembleias. Mas eles são igualmente pastores nossos. Eles estão silenciosamente construindo nossa família de fé. E nós os homenageamos neste "Dia do Pastor".

4) Pastores que enfrentam severas lutas

Ser pastor não é nada fácil. Na verdade, lidar com pessoas não é nada fácil. Muitos pastores estão neste exato momento enfrentando situações muito difíceis. Há pastores que estão sendo boicotados por pessoas contrariadas com o seu ministério. Há pastores cujas finanças estão em total colapso. Há pastores em crise existencial ou teológica, mas continuam pastores e merecem ser alvos de nossas orações. Porque enfrentam crises, eles não deixam de ser nossos pastores. Quando Elias fugia de Jezabel, ele chegou ao ponto de desejar a própria morte. Ele achou um pé de zimbro onde descansou um pouco de sua enorme luta. Podemos ser um pé de zimbro para um pastor em crise.

5) Pastores idosos

Temos 700 pastores com mais de 70 anos. É ótimo visitá-los e ouvir suas experiências. Seria maravilhoso se tivéssemos um museu do pastor para gravar e guardar suas memórias. Eles dedicaram as melhores décadas de suas vidas ao ministério, continuam fazendo uma tremenda diferença na vida de milhares de crentes, inclusive de outros pastores. Eles são idosos, mas continuam pastores. Simeão era muito idoso, mas ainda tinha a visão de que veria o Salvador. E viu. Ser idoso não faz um vocacionado menos pastor, muito pelo contrário. Ao se visitar pessoas como Benjamim Sales, Osvaldo Ronis e tantos outros, é fácil perceber que a identidade do ser humano fundiu-se com a identidade do pastor. Eles serão pastores até o fim e merecem o nosso reconhecimento e carinho

6) Pastores enfermos

Pastores ficam doentes. Precisam tomar remédios, ir ao médico e sentem dores. Pastores são como Elias, sujeitos a todo tipo de limitação. Uma enfermidade pode significar algo mais para um homem de Deus. Ele pode, ainda, viver lutas existênciais e espirituais por conta da enfermidade. Muitos fazem da enfermidade uma etapa do ministério, causando grande impacto na vida de suas ovelhas e de seus colegas pastores. O pastor Manoel Xavier, da IB Memorial da Tijuca (RJ), chamou os pastores colegas até o hospital para se despedir deles. Que tremenda experiência todos viveram! Ele estava tão perto de Deus que isso era algo quase palpável. Interessante que, na doença, o pedreiro deixa de construir casas, o padeiro deixa de fazer pão, o bombeiro deixa de apagar incêndios, mas o pastor não deixa de pastorear. O pastor Edelto Barreto Antunes (SIB de Petrópolis), sabendo que iria partir nos próximos minutos, pediu para retirar do quarto um outro pastor, pois achava que esse amigo sofreria muito se o visse morrer. O pastor não deixa de ser pastor nem para morrer.

7) Famílias de pastores falecidos

Rosane, Acidália, Clenir e 21 outras esposas de pastores (somente nos últimos 12 meses) e cerca de uma centena de filhos lutam para tocar a vida sem a presença do pai e do esposo querido, sem contar as muitas igrejas e amigos que literalmente choram de saudade. Esses homens de Deus merecem toda a honra permitida a mortais. Além de cuidarem de suas famílias, como todo mundo deve fazer, viveram para Deus, para suas igrejas e para nossa Denominação. Como faremos para homenageá-los? Gostaríamos tanto de fazer mais por suas famílias e por suas memórias! Diante de nossas limitações, recolhemo-nos em orações regulares por elas. Que o Senhor conforte seus corações! Que o Senhor supra suas necessidades! Que o Senhor recompense cada um que deu que seja um copo de água a cada um desses pastores! Que o Senhor venha logo para que possamos vê-los novamente!

Você quer fazer mais?

Muitos gostariam de fazer algo mais por esses pastores. A intercessão é de longe a melhor contribuição. Pense também em cada um dos quadros acima e ore ao Senhor pedindo confirmação para alguma contribuição que você possa oferecer. Fazer algo concreto não seria um boa forma de homenagear? Um telefonema para um pastor do coração ou "pastor de minha escolha" como disse uma ex-ovelha querida, referindo-se a um ex-pastor? Seria muito bom se conseguíssemos ajuda substancial para criar o museu do pastor, se conseguíssemos criar estrutura concreta para abençoar filhos de pastores que ministram em locais marginalizados, se conseguíssemos mobilizar assistência adequada aos pastores idosos ou enfermos que carecem dela, se conseguíssemos ajuda complementar para os que desejam dedicar-se mais ao serviço do Mestre e não podem porque precisam fazer tendas para sustentar a família, se conseguíssemos... Pense!